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Atualizado: 9 de janeiro de 2024
Escrito por: Daniel Atz com Lauren Lowell
De 1850 a 1890, cerca de 500 luxemburgueses deixaram o Grão-Ducado para a Argentina.
Atualmente, mais de 500 de seus descendentes obtiveram a cidadania luxemburguesa.
Quem eram os imigrantes luxemburgueses que chegaram à Argentina?
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Esta pesquisa baseia-se nas respostas de 124 cidadãos argentinos-luxemburgueses com dupla cidadania. Nenhum dos participantes é cliente LuxCitizenship. Eles participaram de uma pesquisa on-line exclusiva aos cidadãos com dupla cidadania luxemburguesa por ascendência. Todos os participantes tiveram este critério verificado e confirmado.
Dos 124 cidadãos com dupla cidadania entrevistados, conseguimos confirmar 28 ancestrais luxemburgueses. Nesta primeira seção do nosso estudo, mergulharemos na história da imigração luxemburguesa para a Argentina.
Em meados da década de 1850, a Argentina iniciou esforços para atrair trabalhadores agrícolas europeus para o país. Motivados por dificuldades econômicas em seu próprio país ou em busca de um novo começo, cerca de 500 luxemburgueses atenderam ao chamado.
Devido às difíceis condições de vida durante o século XIX, um grande número de luxemburgueses decidiu deixar o Grão-Ducado para sempre. Naquela época, a economia Argentina estava em plena expansão e o país necessitava de um grande contingente de trabalhadores para cultivar suas terras, que neste período pareciam infinitas. Centenas de luxemburgueses imigraram para a Argentina durante o período, que ficou conhecido como a “Grande Imigração Europeia”
A Grande Imigração Europeia rumo à Argentina ocorreu entre os anos 1850 e o início dos anos 1900. Durante este espaço de tempo, a população argentina quase quadruplicou. Os fatores que mais atraiam luxemburgueses ao país eram suas políticas de imigração e as oportunidades agrícolas que se apresentavam.
Acompanhadas por imigrantes suíços, alemães, franceses, italianos e belgas, as famílias luxemburguesas tiveram um papel central na formação de Esperanza, a primeira colônia agrícola organizada da Argentina. Ainda hoje, Esperanza é considerada uma das iniciativas de imigração estruturada mais bem-sucedidas do país.
No início de 1856, 200 famílias europeias chegaram à província argentina de Santa Fé, como parte do projeto de agrocolonização estruturada pelo governo provincial e liderado pelo comandante militar argentino Aarón Castellanos. Os (futuros) imigrantes assinaram “Contratos de Colonização Agrícola” antes de pisar em solo argentino.
Nesses contratos, os imigrantes luxemburgueses recebiam a promessa de moradia, terra, gado e sementes ao chegarem a Esperanza, além de transporte gratuito até a colônia. Diferentemente dos Estados Unidos, na Argentina, os imigrantes luxemburgueses precisariam comprar sua propriedade. No entanto, seus pedaços de terra poderiam ser pagos com os resultados das colheitas que vieram cultivar.
A praça de Esperanza (frente) e um edifício do município (atrás), 1885 – “Santa Fe entre dos siglos“
Hoje, 26.9% dos participantes de nosso estudo argentino ainda vivem em Esperanza, descendendo de 3 famílias luxemburguesas diferentes.
A segunda e maior onda de imigração luxemburguesa ocorreu de 1888 a 1891. Esse período de apenas três anos foi amplamente difundido como a “Febre Argentina”.
No final da década de 1880, a “Argentinienfieber” se espalhou por Luxemburgo, promovendo a localização da Argentina nas Américas, sua economia próspera e a atitude acolhedora em relação aos agricultores rurais, mesmo que estes não possuíssem técnicas agrícolas modernas ou qualificações profissionais.
Os imigrantes luxemburgueses daquela época eram muito adeptos à ideia da “imigração em massa”. Embora alguns ainda fossem para a Argentina individualmente, estabelecer coletivamente comunidades luxemburguesas ou germânicas era mais atraente. Isso reduzia os desafios de adaptação a um novo país com idioma, cultura e paisagem desconhecidos.
A maioria dos luxemburgueses se estabeleceu inicialmente nas províncias de Buenos Aires e Entre Ríos durante esse período.
Piquenique em família na província argentina de Santa Fé, 1910 – “Santa Fe entre dos siglos“
26.9% dos ancestrais luxemburgueses incluídos em nosso estudo foram membros fundadores da colônia de San Antonio de Iraola. Infelizmente, esses imigrantes se viram em uma situação difícil e tiveram que se relocar poucos anos depois de sua chegada.
Notícias sobre a terra fértil e a possibilidade de posse rápida de terras na colônia San Antonio de Iraola se espalharam rapidamente em Luxemburgo, endossadas pelo Luxembourger Wort (jornal católico em circulação até os dias de hoje) e pelo bispo da época. Jean-Pierre Didier, um padre luxemburguês, supervisionava o projeto, aumentando assim a confiança em seu entorno.
No entanto, ao chegarem em San Antonio de Iraola, os colonos luxemburgueses encontraram terras inférteis, moradias incompletas, doenças e um sistema de empréstimo abusivo, criado pelo proprietário privado da colônia. Apesar de terem assinado um contrato de trabalho de seis anos, a colônia foi dissolvida prematuramente.
Por ser uma propriedade privada, há poucos registros sobre a debandada da colônia. Muitos luxemburgueses voltaram para casa, enquanto outros migraram para o Brasil, os Estados Unidos ou diferentes partes da Argentina.
Image: “San Antonio frente a la laguna” – FAMÍLIA PIERRET
Embora os 6,6 milhões de imigrantes europeus da Argentina tenham ajudado a moldar e a expandir rapidamente a economia do país, contratempos fizeram com que a imigração diminuísse no início do século XX.
Salários mais altos em Buenos Aires levaram muitas famílias a se mudarem para a cidade em busca de trabalho. Como resultado, as taxas de pobreza e desemprego aumentaram rapidamente, as taxas de criminalidade cresceram e os confrontos entre os imigrantes e o governo argentino tornaram-se cada vez mais comuns.
A elite política argentina começou a falar mal da “imigração europeia irrestrita”, e as políticas de imigração se tornaram mais rígidas pouco tempo depois. O início da Primeira Guerra Mundial também complicou a viagem para luxemburgueses e outros europeus.
Buenos Aires, Argentina, 1940 – “Geografía de América” por Josefina Passadori
Então, aprendemos sobre a imigração luxemburguesa para a Argentina, mas quem eram os ancestrais de nossos argentinos-luxemburgueses?
Com base nos dados fornecidos pelos 124 argentinos-luxemburgueses que participaram de nossa pesquisa, conseguimos encontrar 28 ancestrais luxemburgueses.
Todas as informações sobre os antepassados incluídas neste estudo foram fornecidas pelos entrevistados e verificadas com base nos registros arquivados no Arquivo Nacional de Luxemburgo.
Alguns dos antepassados pesquisados eram irmãos. Os 28 ancestrais luxemburgueses dos quais nossos entrevistados argentinos descendem vieram de 26 famílias que se mudaram de Luxemburgo.
Em média, 4.4 entrevistados descendem de cada um desses ancestrais. Isso representa 2,6 vezes mais entrevistados por ancestral do que nossos , mas 1,6 vezes menos do que nossos entrevistados americanos, mas 1.6 vezes mais do que nossos entrevistados brasileiros.
Nome do Ancestral | Ano de Nascimento | Cantão de Nascimento | Número de descendentes |
---|---|---|---|
MERING Henri | 1826 | Echternach | 29 |
FISCHBACH Franz | 1862 | Capellen | 17 |
BAUM Michel | 1888 | Esch-sur-Alzette | 14 |
MEDERNACH Théodore | 1860 | Mersch | 8 |
ERPELDING Pierre | 1881 | Luxembourg | 7 |
57.1% dos antepassados estudados nasceram no sul de Luxemburgo, nos cantões de Luxemburgo, Esch-sur-Alzette e Grevenmacher. A maioria deles nasceu na segunda metade do século XVIII e participou da segunda onda de imigração luxemburguesa em massa para a Argentina.
A maioria dos luxemburgueses chegou à Argentina durante o período da “Febre Argentina”, de 1888 a 1891. Ao comparar as tendências gerais de migração para os Estados Unidos e o Brasil, essa é a migração em massa mais recente de Luxemburgo para as Américas.
* Esses números são distorcidos em favor dos homens devido ao procedimento de cidadania do Artigo 7, que exige quase exclusivamente um ancestral do sexo masculino.
Embora a idade média na época da imigração desses ancestrais luxemburgueses fosse de 21 anos, crianças de apenas 1 ano de idadde viajaram para a Argentina com suas famílias.
Algo que notamos repetidamente é que os imigrantes luxemburgueses viviam por muito tempo. Dos antepassados analisados em nosso estudo, a idade média de mortalidade era de 71,8 anos. A média nacional era de 61,3 anos em 1940 (ano correspondente ao período onde faleceram mais pessoas que compunham este grupo) .
Embora muitos imigrantes luxemburgueses tenham falecido nas províncias de Entre Ríos e Santa Fé, a província mais comum de falecimento foi Buenos Aires.
Continue em nosso Estudo sobre Cidadãos Duplos Argentinos para saber mais sobre os cidadãos duplos hoje, suas famílias, carreiras e muito mais.