Descubra e se conecte com empresas dirigidas por cidadãos com dupla nacionalidade de Luxemburgo. Saiba mais.
Actualização: 9 de janeiro de 2024
Escrito por: Daniel Atz com Lauren Lowell
Mais de 27.000 brasileiros obtiveram a cidadania luxemburguesa por meio de algum tipo de ascendência. No entanto, a história de seus ancestrais luxemburgueses é muitas vezes envolta em mistério. Quem eram esses luxemburgueses e como eles vieram parar no Brasil? Vamos mergulhar na história.
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634 Brasileiros-Luxemburgueses participaram de nossa pesquisa aberta sobre dupla cidadania por ascendência. Dos 634 respondentes, obtivemos informações sobre 80 antepassados luxemburgueses. Como a LuxCitizenship trabalha com clientes nos EUA, todos os participantes não eram clientes da LuxCitizenship.
Na primeira seção de nosso estudo, mergulhamos na história da imigração luxemburguesa para o Brasil. O objetivo desta análise é explicar quem são os antepassados de nossos cidadãos com dupla cidadania e como as histórias de seus ancestrais afetam essas pessoas que hoje se reconectam com Luxemburgo.
Imagem: Acredita-se que o luxemburguês Nicolas BLEY, que imigrou para o Brasil em 1828, tenha 15.000 descendentes diretos, muitos dos quais obtiveram dupla cidadania luxemburguesa.
Era uma vez, especificamente em 1815, Luxemburgo recuperou sua independência da França. O lado ruim? Tornou-se propriedade pessoal do novo rei holandês e foi ocupada por tropas prussianas.
Naquela época, 80% dos luxemburgueses trabalhavam no campo. As secas ocorriam uma vez a cada três anos, tirando a única fonte de renda da população. O rei holandês não ajudou muito. Ele não estava muito preocupado com
Luxemburgo. No entanto, adorava cobrar impostos de seus agricultores. Você acha que os outros 20% da população do Luxemburgo estava trabalhando nos bancos? Pense novamente. Não havia absolutamente nenhum banco em Luxemburgo até a década de 1850. Sem bancos, sem capital. Deste modo, a pobreza e a fome forçaram esses luxemburgueses a olhar além de suas fronteiras.
Image: Santa Leopoldina, 1899 – Pierre Émile Levasseur – Arquivo Nacional
Em 1828, agentes de viagem alemães chegaram a Luxemburgo e promoveram agressivamente a migração para o Brasil. Eles convenceram cerca de 2.500 camponeses luxemburgueses, aproximadamente 1,8% da população nacional, a se mudarem. Naquela época, menos de 100 luxemburgueses partiam para os Estados Unidos.
Esses “Brasilienfahrer”, viajantes com destino ao Brasil, partiram para o porto de Bremen, na Alemanha. Tragicamente, a maioria deles não conseguiu chegar ao Brasil. Em vez de levar os luxemburgueses para a terra prometida, os agentes de viagem espancaram e roubaram dois terços deles antes de sequer chegarem a Bremen.
70% das famílias que partiram para o Brasil tiveram que retornar a Luxemburgo. Envergonhados ou ostracizados por suas comunidades, os que partiram em direção ao Brasil, agora sem um tostão, construíram uma nova comunidade no norte do Luxemburgo, primeiramente chamada de Nei-Brasilien e, por fim, Grevels. Em seus primeiros anos, os habitantes empobrecidos da cidade sobreviveram roubando batatas das fazendas próximas..
No máximo, 100 famílias luxemburguesas conseguiram chegar do porto de Bremen, na Alemanha, até seu destino final: o Rio de Janeiro, no Brasil.
Embora alguns dos emigrantes tenham se espalhado por todo o Brasil, a grande maioria se dirigiu para o que viria a ser o atual estado de Santa Catarina. Santa Catarina está localizada no sul do Brasil e é o 10º maior estado do país.
Muitos dos luxemburgueses acabariam em São Pedro de Alcântara, Antônio Carlos e Santo Amaro da Imperatriz – cidades localizadas nas colinas próximas à capital do estado, Florianópolis. Essa proximidade tornaria Florianópolis uma das cidades brasileiras com o maior número de cidadãos luxemburgueses com dupla nacionalidade nos dias atuais.
Vídeo: Paulo, cidadão brasileiro-luxemburguês com dupla cidadania, explica eloquentemente sobre a vinda de seus ancestrais para São Perdo de Alcântara e as tradições e valores que eles transmitiram. Isso fez parte de uma campanha de vídeo de 2020 no surto da Covid-19.
A segunda onda de imigração luxemburguesa para o Brasil ocorreu entre 1846 e 1852. Desta vez, os imigrantes buscaram içar velas no porto de Dunquerque, na França.
Embora em menor escala do que a primeira onda em 1828, a maioria dos viajantes da segunda onda teve o mesmo destino trágico. Alguns cumpriram seu itinerário, chegando ao Brasil. A maioria voltou para casa depois de ser roubada ou recalculou sua rota para a Argélia.
A maioria dos luxemburgueses que migraram para o Brasil durante a segunda onda se estabeleceu nos estados de Santa Catarina e Espírito Santo. O Espírito Santo está localizado ao norte do estado do Rio de Janeiro.
De acordo com a Embaixada do Luxemburgo no Brasil, comunidades luxemburguesas também foram estabelecidas próximas de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, nos vales de Itajaí (Santa Catarina), Rio Negro (Paraná), Curitiba (Paraná), entre outros lugares.
Após a Primeira Guerra Mundial, a então gigante do aço e do ferro do Luxemburgo, ARBED, hoje ArcelorMittal, construiu um complexo industrial no estado brasileiro de Minas Gerais. O projeto “A Colônia Luxemburguesa” relata essa história de maneira única, permitindo que os usuários interajam com elementos narrativos e assistam a vídeos históricos.
Neste período, ao menos 400 gerentes, engenheiros, técnicos e trabalhadores siderúrgicos altamente qualificados do Luxemburgo migraram para a região de Belo Horizonte – MG mas a maioria acabou retornando à Europa.
A história de sucesso econômico do investimento luxemburguês no Brasil continua até hoje. De acordo com o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, em 2020, Luxemburgo foi o quarto maior investidor estrangeiro direto no Brasil, com os Estados Unidos em segundo lugar. Nada mal para um país com 1/521 da população dos Estados Unidos.
Imagem: Ainda príncipe quando fotografado, o futuro Grande Duque do Luxemburgo (1946-2000), visitou o então complexo industrial ARBED, com o líder luxemburguês local, Louis Ensch, em meados da Segunda Guerra Mundial.
Então, quem eram os ancestrais luxemburgueses dos cidadãos brasileiros com dupla cidadania?
Com a resposta dos 634 brasileiros-luxemburgueses que participaram de nossa pesquisa, conseguimos identificar 80 antepassados que emigraram originalmente. Todas as informações sobre os antepassados incluídas neste estudo foram fornecidas pelos entrevistados e verificadas com base nos registros do Arquivo Nacional do Luxemburgo.
Alguns dos antepassados pesquisados eram irmãos. Sendo assim, dos 80 antepassados luxemburgueses dos quais nossos entrevistados brasileiros descendem, somam-se 50 famílias que atravessaram o mar. Em média, 7.4 vezes mais entrevistados por ancestral do que nossos entrevistados argentinos, e incríveis 4.3 vezes mais do que nossos entrevistados americanos.
Ancestor Name | Year of Birth | Canton of Birth | Number of Descendants |
---|---|---|---|
BLEY Nicolas | 1808 | Diekirch | 98 |
STEIL/STEYL Peter | 1804 | unknown | 46 |
GREIN Petrus | 1783 | Echternach | 36 |
MANNES Nicolas | 1809 | Echternach | 22 |
KAMERS Theodor | 1817 | Clervaux | 20 |
54.9% dos antepassados estudados nasceram no norte do Luxemburgo, nos cantões de Clervaux e Vianden. Os imigrantes luxemburgueses desses cantões foram responsáveis por uma porcentagem muito baixa de imigração para os Estados Unidos e a Argentina, tornando a imigração dessa região exclusiva ao Brasil.
A maioria desses antepassados nasceu entre 1820 e 1859 e participou da segunda onda de imigração luxemburguesa em massa para o Brasil.
Mais de 85% dos antepassados luxemburgueses que emigraram para o Brasil o fizeram antes do final da década de 1860. Nessa época, a maioria dos esforços de emigração se concentrou na mudança para os Estados Unidos, Argentina, e França, com esforços menores para estabelecer comunidades em países como Guatemala e Argélia.
A proporção de homens pode estar distorcida porque somente os descendentes de ancestrais do sexo masculino são elegíveis nos termos do Artigo 7, representando uma certa parcela dos requerentes.
A idade média na época da imigração de nossos ancestrais brasileiros era de 27 anos. Esse número é significativamente reduzido pelo número de menores que fizeram a viagem, pois embora eles provavelmente tenham imigrado com seus pais, os pedidos de cidadania de Luxemburgo são baseados no ancestral mais recente do descendente nascido em Luxemburgo.
Alguns dos antepassados de nossos cidadãos com dupla cidadania tinham de um ano de idade quando partiram para o Novo Mundo.
Embora as seções de história acima tenham se concentrado na história geral da migração luxemburguesa no Brasil, vamos nos concentrar agora apenas nos antepassados de nossos cidadãos com dupla nacionalidade.
Entre os 80 antepassados, 61.3% se estabeleceram no estado de Santa Catarina. Dos que emigraram para Santa Catarina, 59.2% desses migrantes luxemburgueses se estabeleceram apenas nas cidades de Rancho Queimado, Angelina e São Pedro de Alcântara.
Outros 5 ancestrais, ou 6% dos imigrantes luxemburgueses estudados, imigraram para Santa Leopoldina, no estado brasileiro do Espírito Santo. Essa cidade tem fortes laços com a comunidade de imigrantes luxemburgueses, pois foi fundada por imigrantes vindos do Luxemburgo, Alemanha e Suíça.
Continue em nosso Estudo sobre Cidadãos Duplos Brasileiros-Luxemburgueses para saber mais sobre os próprios cidadãos (duplos).